Quem nunca correu nos fundos do quintal para colher uma erva medicinal e fazer aquele chá quentinho? Seja para amenizar enfermidades ou simplesmente para degustar, a tradição de cultivar ervas medicinais em casa é um costume que passa de geração em geração e que só traz benefícios aos que a ela se dedicam.

Inspirados por essa sabedoria e comprometidos com uma sociedade mais sustentável, acadêmicos dos cursos de Agronomia e Produção Agrícola participaram da produção e distribuição gratuita de aproximadamente 2.500 mudas de plantas medicinais à comunidade. A atividade integra um projeto prático desenvolvido ainda no primeiro semestre dos cursos, sob a orientação do professor Mateus Secretti, com apoio de docentes das disciplinas de ‘Linguagem e Argumentação’, ‘Química’ e ‘Morfologia Vegetal’.

Segundo o professor Mateus, a iniciativa já é tradicional e tem por finalidade resgatar o uso popular das plantas medicinais, destacando, ao mesmo tempo, o papel social do engenheiro agrônomo. “Queremos mostrar, tanto para os alunos quanto para a comunidade, que o profissional da Agronomia é um agente de transformação. O projeto estimula o contato direto com a sociedade e promove o resgate cultural do uso de ervas no tratamento de enfermidades do cotidiano”, explica.

A jornada das mudas começou ainda no início do semestre, quando os acadêmicos, organizados em grupos, escolheram as espécies a serem cultivadas. Com base em estudos prévios, definiram os métodos de propagação — por semente, estaca ou muda — e iniciaram o processo de plantio e acompanhamento do desenvolvimento das plantas. Desafios como a adaptação das espécies, o controle de pragas e a escolha do recipiente ideal para a entrega das mudas exigiram criatividade, comprometimento e trabalho em equipe.

“Foi uma atividade multidisciplinar que exigiu estudo, planejamento e execução prática. Cada grupo precisou pensar em recipientes sustentáveis para o transporte das mudas, priorizando materiais que pudessem ser colocados diretamente no solo, sem prejuízos ao meio ambiente”, detalha o professor.

As espécies cultivadas incluíram plantas populares como cavalinha, boldo, carqueja, hortelã, sálvia, camomila, terramicina e capim-cidreira. A escolha levou em conta não apenas a relevância medicinal das ervas, mas também sua adaptabilidade ao cultivo caseiro.

A ação de distribuição ocorreu na Praça Antônio João teve alta adesão da população e surpreendeu pela rapidez com que as mudas foram distribuídas. “Cerca de 2.500 mudas foram entregues em apenas 50 minutos, o que mostra o interesse das pessoas por práticas naturais e sustentáveis no cuidado com a saúde”, ressalta Mateus Secretti.

Entre os estudantes envolvidos estava Heloísa Bonfim dos Anjos, aluna do primeiro semestre de Agronomia. Seu grupo optou por cultivar o manjericão de folha fina, planta de aroma inconfundível e propriedades medicinais reconhecidas. “Por influência dos meus avós, sempre tive contato com plantas medicinais. Mas, com esse projeto, aprendi muito mais sobre preparo do solo, rega, poda e combate às pragas. Foi uma experiência enriquecedora”, conta.

Heloísa destaca, ainda, a força do trabalho coletivo. “O que mais me surpreendeu foi o engajamento de todos os colegas. Cada um contribuiu de forma única, e a receptividade do público nos encheu de orgulho. Pequenos gestos, como doar uma muda, podem fazer grande diferença”, afirma.

Além de promover o aprendizado técnico, o projeto cultivou valores essenciais para a formação dos futuros profissionais. “Eles aprenderam que, na vida profissional, o trabalho em grupo é uma constante. E, mesmo com pouco conhecimento técnico inicial, buscaram alternativas para superar os desafios do cultivo”, observa Mateus. “Esse contato com a comunidade também mostrou a importância do conhecimento científico para transformar realidades e construir um mundo mais equilibrado”, reitera o professor.